Dinheiro – Entenda a origem e história

Como surgiu o dinheiro, uma história fascinante que começou com objetos de argila, pedras e sementes até o complexo sistema atual.

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Por milhares de anos o dinheiro tem servido não só como meio de pagamento ou de acúmulo de riquezas, mas também como unidade de conta.

Ou seja, como um sistema que nos permite fixar preços e registrar dívidas.

A Origem do Dinheiro

A origem do dinheiro é controversa, alguns pesquisadores defendem que quem inventou a figura do dinheiro foram os Sumérios, por volda de 3000 a.C.

Isso aconteceu na antiga Mesopotâmia – atualmente onde está localizado o Iraque.

Os Sumérios registravam em argila a quantidade de cerais ou gado de uma comunidade, em uma época em que a vida se desenvolvia em cidades-Estado como Uruk que já tinha um sistema comercial sofisticado.

Nas ruínas desta civilização, os pesquisadores encontraram pequenos objetos de argila que serviam não só para contabilidade de bens, mas também para realizar trocas por comida ou animais, conforme explica o historiador Niall Ferguson.

Esses objetos não tinham um valor padrão, mas continham o registro daquilo que poderia ser trocado por eles e suas respectivas quantidades.

Ao longo da história, comunidades e civilizações no mundo inteiro chegaram a usar conchas de praia como dinheiro.

Os Maias e os Astecas, nas Amériacas, faziam trocas utilizando sementes de cacau.

No entanto, há indícios de que os sumérios utilizavam, antes mesmo das suas tábuas de argila, a cevada como moeda de troca, podendo ser então a moeda mais antiga da odisseia humana.

O surgimento de Moedas

Uma corrente de historiadores defendem ainda que os Siclos (em hebraico “shékel”, do verbo shakál = pesar, pagar) era uma unidade de peso, e equivalia a cerca de 12 gramas  – marca a origem do dinheiro como primeira moeda mais próxima daquilo que temos hoje.

Nos livros mais antigos da Bíblia, O primeiro personagem que é mencionado fazendo uma compra e pagar por ela foi Abraão, no dia em que sua esposa Sara faleceu.

De acordo com Gênesis 23:14-16, Abraão comprou uma parcela de terra para enterrá-la e pagou pela terra à Efrom, o heteu, 400 siclos de prata.

14. Respondeu-lhe Efrom:
15. Meu senhor, ouve-me: um terreno que vale quatrocentos siclos de prata, que é isso entre mim e ti? Sepulta ali a tua morta.
16. Tendo Abraão ouvido isso a Efrom, pesou-lhe a prata, de que este lhe falara diante dos filhos de Hete, quatrocentos siclos de prata, moeda corrente entre os mercadores.
— Gênesis 23:14-16

Moedas como instrumento de controle político

As primeiras moedas oficialmente cunhadas por um governo, parecem ter surgido por volta do ano 640 a.C. em Lídia, Anatólia, onde hoje fica a Turquia.

Acredita-se que a moeda de Lídia, feita de uma liga de ouro e prata, conhecida como electro, seja mais antiga que moedas cunhadas em lugares como a China, Índia, Egito, Pérsia, Grécia e Roma.

A cunhagem teve sucesso porque era capaz de produzir moedas duráveis, facilmente transportadas e que tinham um valor próprio.

Após a invenção do dinheiro e de moedas, logo foram criados sistemas de exploração e controle através de moedas que também serviam para contabilidade e cobrança de impostos.

As Elites também se fizeram valer do artifício do dinheiro para manutenção dos seus exércitos e para que pudessem expandir seus domínios de terra e rotas comerciais.

Quando surgiram as notas de Dinheiro

Ao longo dos séculos, a unidade monetária básica da China eram moedas de cobre ou bronze, com uma perfuração quadrada no centro.

Esses furos permitiam que as moedas fossem amarradas por um cordão, formando uma espécie de corrente.

Mas à medida que o comércio e as suas rotas foram se expandindo, a demanda por moedas cresceu rapidamente e o cobre começou a ficar escasso.

Foi na dinastia de Song, no ano mil da era atual, na provícia chinesa de Shichuan, que foi emitido oficialmente o primeiro papel moeda da história.

Fabricado a partir do tronco de amoreiras, o “Jiaozi” logo se tornou, por decreto do império chinês, a moeda oficial da China e estaria à frente de transações de cargas de ouro e prata,

como uma nota promissória, substituindo as moedas de ferro e cobre.

Dólar como principal moeda mundial

Quando a Segunda Guerra Mundial estava perto do fim, os governos aliados se deram conta de que suas economias estavam devastadas pelo conflito.

Inevitavelmente, se questionavam com qual moeda fariam transações em favor das suas reconstruções.

Foi quando os representantes de 4 países se reuniram em um hotel de Bretton Woods (EUA), em julho de 1944, e negociaram o futuro das finanças e do comércio mundial no pós-guerra.

Os países europeus chegaram ao encontro com profundas carências econômicas, enquanto os EUA acumulavam as maiores reservas de ouro do mundo.

Foram 22 dias de reunião, com intensas discussões regadas a uísque e charutos, como relata Ed Conway no livro The Summit.

Dois homens se enfrentaram em um duro duelo intelectual: o britânico John Maynard Keynes, com sua ideia utópica de criar uma moeda mundial comum, chamada bancor;

e o americano Harry Dexter White, do departamento do tesouro que acabou por vencer.

No fim de Bretton Woods, ficou estabelecido que o dólar americano seria a moeda oficial de transações internacionais.

Foram criados ali o FMI – Fundo Monetário Internacional – e o Banco Mundial que passaram a realizar empréstimos em dólar para os países quebrados pela guerra.

Aquelas negociações moldaram uma arquitetura global que em grande parte se mantém até hoje.