Inspirada na antiga rota de Marco Polo, a Nova Rota da Seda da China é uma das mais ambiciosas estratégias de política externa da história.
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A Nova Rota da Seda além de causa mais uma frente de tensão da China com os EUA, realizando grandes projetos de infraestrutura em diversos países da Europa,
mas tem a America Latina como peça-chave desse plano.
Há quem diga que a Nova Rota da Seda pode ser uma armadilha para os países participantes.
Entenda agora o que é a Rota da Seda, como ela expande a influência chinesa pelo mundo, quais os objetivos de Pequim e por que o Brasil resiste em fazer parte desse projeto.
O que é a Nova Rota da Seda
Também chamada de Cinturão e Rota, foi lançada em 2013, para financiar a criação de redes de infraestrutura,
como portos, usinas, pontes, vias ou redes de 5G e fibra ótica – que conectassem a China com a Europa.
Desde então, a iniciativa avançou para a África, Oceania e América Latina, ampliando a influência chinesa nessas regiões.
A estimativa é de que um trilhão de dólares já tenha sido investido nos projetos.
O nome é o mesmo da antiga e enorme Rota da Seda aberta a mais de 2 mil anos atrás, desde o século I a.C.,
que atravessava toda a Ásia para comercializar seda, especiairias e metais preciosos entre a China e o Império Romano.
Agora, o projeto vai muito além do comércio internacional.
Contempla zonas econômicas especiais e obras de infraestrutura terrestre e marítima em mais de 140 países – do Afeganistão à Áustria; do Peru a Gana.
Essas obras são tocadas por empresas chinesas ou com o financiamento de bancos chineses, além de utilizarem tecnologia chinesa de telecomunicação, por exemplo.
Uma grande vitrine da Roda da Seda é a mega ferrovia de 13 mil Km que conecta Yiwu, na China, com Madrid, na Espanha.

E que já transportou mais de 670 mil contêineres comerciais, ao longo de 10 anos.
Esta Nova Rota também financiou gasodutos e oleodutos na Rússia e no Cazaquistão.
O presidente chinês Xi Jinping enxerga o projeto como sua principal estratégia econômica e de cooperação internacional.
As Críticas
Muitos analistas e críticos, afirmam que o projeto faz com que os países envolvidos acabem por se individar em excesso com a China.
E para custear os projetos que, em última instância, beneficiam a própria China e ampliam muito a sua influência geopolítica.
O centro de estudos Council on Foreign Relation Chips diz que
“Alguns investimentos de Cinturão e Rota tiveram processos obscuros de licitação, exigindo o envolvimento de empresas chinesas.
Como resultado, as empresas inflaram custos, levando a projetos cancelados e a disputas políticas.”
“A China também frequentemente exige a qualquer momento o pagamento da dívida,
o que permite a Pequim usar o financiamento para impor sua visão em temas contenciosos,
como o status de taiwan e o tratamento da minoria étncia uigur.”
Na mesma linha, críticos dizem que a Rota da Seda pode causar tamanho endividamento, que vira uma espécie de armadilha para países com governos e economia vulneráveis.
O Siri Lanka pode ser um exemplo, que em 2018 acabou transferindo para o governo chinês o controle de um porto local, porque não conseguiu arcar com as parcelas da dívida com Pequim.
A China, por sua vez, diz que “tenta garantir a sustentabilidade comercial e fiscal de todos os projetos.”
Tensões com os EUA
Bom, toda essa influência política e econômica da China, obviamente gera tensões com seu principal adversário: os Estados Unidos.
Vários analistas acham que, no governo Trump, muitos países que participam da Rota da Seda vão acabar, em algum momento, no meio da disputa entre as duas potências globais.
Um caso emblemático é o do Panamá, primeiro país latino-americano a aderir à Rota da Seda, em 2017, mas que acabou anunciando sua saída da iniciativa
depois da pressão americana envolvendo o controle do Canal do Panamá, construído e administrado por décadas pelos EUA e entregue ao Panamá a 25 anos atrás.
Trump argumenta que a China tem sido beneficiada comercialmente por essa rota, que é crucial na navegação global.
Já Pequim, reagiu criticando os EUA.
Influência na América Latina
A América Latina e o Caribe são bastante importantes para a Rota da Seda.
Vinte e um países da região têm memorandos de entendimento com o projeto, como Uruguai, Equador, Venezuela, Chile, Bolívia, Costa Rica, Cuba, Peru, Nicarágua e Argentina.
No Equador, por exemplo, um banco chinês financiou a resconstrução de um aeroporto internacional.
No Peru está uma das maiores obras do projeto: o megaporto de Chancay, parcialmente inaugurado em 2024 com a presença do prórpio Xi Jinping.
Lembrando que há mais de uma década que a China promove uma onda de investimentos na América Latina e se consolidou como principal parceira do Brasil.
E o Brasil?
Apesar de ser cortejado por Pequim, sob o governo Lula, o Brasil vem mantendo a política de seguir próximo da China e de ampliar os acordos bilaterais.
Mas até o momento, não há planos ou previsão de assinatura de um memorando com o Cinturão e Rota.
Diplomatas arriscam dizer que o Brasil tenta preservar a sua tradição diplomática de manter diálogo com diferentes blocos e nações, sem aderir unilateralmente a um só país ou bloco.
A percepção desses diplomatas é de que entrar na Rota da Seda, poderia prejudicar as relações com outros atores internacionais, como os EUA.
5 comentários em “China e a Nova Rota da Seda”
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