Entenda rápido e sem spoilers, por que a série do Netflix, ‘Adolescência’ , levanta discussões sobre masculinidade e ”crise de meninos”.
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Meninos e adolescentes estão em crise, perdidos e isolados, sem modelos positivo masculinidade,
muitos se deixam influenciar por discursos misógenos e violentos na internet.
Essas conclusões, presentes em um relatório recém divulgado sobre a juventude britânica pelo
Centre For Justice, em março de 2025, The Lost Boys, reverberam no mundo inteiro.
São também o ponto central de Adolescência, a série do Netflix, que está levantando discussões globais sobre a vida de adolescentes e o risco
de eles se radicalizarem sem que os pais, professores e a família percebam; ou sem que adultos sequer entendam como eles se comunicam.
‘Adolescência’ série do Netflix se inspira em casos reais
A série britânica é sobre um menino de 13 anos de idade acusado pelo assassinato de uma colega de escola.
Ele vem de uma família estável, afetuosa e vai bem na escola, o que deu errado então?
Stephen Graham, que é ator e cocriador da série, se inspirou em casos reais para desenvolver a trama.
Em um programa de televisão da BBC, Stephen conta que ao ler em um jornal sobre um garoto que havia matado uma menina e,
algumas semanas depois, talvez três ou quatro, ele estava assistindo à BBC News e havia outra história sobre o esfaqueamento de uma garota até a morte.
Ele conta que isso lhe partiu o coração e o deixou congelado pelo pensamento:
‘em que tipo de sociedade nós vivemos hoje, na qual estes casos estão se tornando ocorrências cada vez mais comuns?’
São casos como o de Ava, menina de 12 anos de idade, morta a facadas por um menino de 14 em Liverpool, como conta a BBC News Liverpool.
Dados alarmantes sobre crianças e adolescentes
Os pesquisadores do Centro de Justiça Social no Reino Unido faz um diagnóstico preocupante:
diz que toda uma geração de meninos pode estar ficando para trás, sem clareza sobre quais valores seguir e sem conseguir acompanhar os avanços sociais conquistados pelas mulheres.
“Meninos estão desesperados por sentido, direção e por modelos de comportamento”
Relatório ‘Lost Boys: State os the Nation‘
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgou também que 90% de crianças que são mortas de forma violenta no brasil, são do sexo masculino.
Enquanto que a Pesquisa TIC Kids Online Brasil 2024, mostra que 3 em cada 10 crianças e adolescentes brasileiros já sofreram ofensas ou discriminações na internet.
Ou seja, à medida que são agressivos e violentos, também são as principais vítimas de violência no mundo real e, enquanto isso, passam cada vez mais tempo no mundo virtual.
A TIC Kids Online Brasil 2024 divulga ainda que 60% das crianças entre 9 e 10 anos de idade, que usam internet, tem perfil em pelo menos uma rede social.
Em teoria, as plataformas não poderiam sequer aceitar usuários menores de 13 anos de idade.
Uma preocupação adicional, tem a ver com acesso precoce à pornografia.
Internet pode ser motor para problemas na Adolescência
Segundo muitos especialistas, o contato precoce com a pornografia pode desenvolver
uma percepção distorcida a respeito de sexualidade, relacionamentos e consentimento.
No Reino Unido, as crianças têm o primeiro contato com a pornografia, em média, aos 13 anos de idade.
Algumas mais cedo ainda, aos 9 anos de idade, afirma Relatório Tecnológico da BBC em 2023.
Existem indícios de que esta seja uma tendência mundial.
Outro alerta de um estudo britânico é de que os algorítmos das redes sociais oferecem cada vez mais conteúdos de violência para jovens.
Especialmente conteúdos que promovem violência contra mulheres.
Um dos ambientes virtuais abordados na série adolescência é o INCEL (Involuntary Celibates), ou, em tradução direta, celibatários involuntários.
É um grupo de homens que culpa as mulheres pelo fracasso deles em ter relacionamentos românticos e sexuais.
Embora este comportamento já esteja presente na sociedade masculina, moralmente normativa, há mais tempo;
mesmo antes da Revolução Digital – é através das Redes Sociais que grupos como os INCEL crescem e se espalham globalmente.
O impacto de Influenciadores Digitais famosos

Especialistas também se preocupam com o fenômeno dos influenciadores digitais.
O caso atual mais proeminente é o do influenciador britânico Andrew Tate, acusado de estupro,
tráfico humano e de formar um grupo criminoso para explorar mulheres na Romênia.
Ao mesmo tempo, Tate tem milhões de seguidores nas redes sociais e se auto-descreve como misógino e sexista.
O psicólogo americano Jonathan Haidt, autor de ‘A Geração Ansiosa‘, defende regulações mais rígidas, por parte do poder público,
para que adolescentes só ganhem smartphones quando chegarem ao ensino médio e só possam criar perfis em redes sociais a partir dos 16 anos.
A ideia, segundo Haidt, é retardar o impacto das redes sociais na infância e adolescência,
abrindo espaço para interações mais interpessoais.
Série Adolescência é o gatilho para o levantamento de discussões globais
O cenário levantado pela série tem assombrado pais e educadores por se tratar de questões complexas sem respostas absolutas.
Especialistas propõem que adultos e educadores não desistam diante da dificuldade de conversar com adolescentes.
A escuta ativa, atenta à fala deles, sem interrupções e imposições de opniões, são estratégias aconselhadas, apesar da dificuldade de aplicação.
3 comentários em “‘Adolescência’ – série levanta discussões”
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