DeepSeek: A Corrida Das AI

O chatbot de inteligência artificial da startup chinesa DeepSeek entrou no ar causando um terremoto no mundo da tecnologia.

Um rival do ChatGPT com código aberto, desenvolvido em teoria com chips de segunda linha e por uma fração do preço que o modelo americano Open AI custou.

Efeito DeepSeek

No dia 20 de janeiro de 2025, foi lançado um novo modelo de Inteligência artificial o DeepSeek-R1.

Dois dias depois, a startup chinesa publicou esse paper que continha dados de avaliação do desempenho do seu modelo que, em teoria, competia de igual para igual com os rivais americanos ChatGPT e Cloud.

DeepSeek: A Corrida Das AI

O mundo da tecnologia reagiu inicialmente com ceticismo: quem garantia que o que estava escrito ali era verdade e que não se tratava de mera propaganda do governo Chinês?

Mas isso durou muito pouco, à medida que muitos especialistas foram testando essa nova plataforma e entendendo como ela tinha sido construída.

Código Aberto

Ao contrário de outros modelos de IA, a DeepSeek tem código aberto, ou seja, programadores em qualquer lugar do mundo têm acesso à estrutura dessa ferramenta, podem testá-la com mais transparência e até mesmo produzir outros modelos com base nesta.

Não demorou muito, esses especialistas entenderam que a DeepSeek rivalizava de fato com as grandes concorrentes americanas.

“A forma como eles fizeram é totalmente diferente do que se estimava, utilizando aprendizado por reforço e isso tornou o processo não só mais interessante como também mais barato computacionalmente”. Diz o professor do Cln-UFPE, Cleber Zanchettin em entrevista para a BBC News Brasil.

Mais com Menos

O uso de chips de segunda linha para a construção da estrutura computacional dessa Inteligência Artificial foi um dos fatores que mais chamou a atenção do mundo tecnológico, já que desde 2022 os EUA impuseram restrições à importação de chips de última geração pela China, justamente com intuito de barrar o avanço do país na AI.

Guardando as devidas proporções e se os números divulgados pela empresa estiverem corretos, é como construir uma Ferrari com as peças de um Chevette.

O chat-bot também custou menos para ser treinado, 5,5 milhões de dólares (USD), segundo declaração da empresa, com uma enorme diferença frente as dezenas ou centenas de milhões de dólares praticados no Vale do Silício.

Esse combo atingiu em cheio a essência do modelo de negócio que as empresas americanas construíram com a IA generativa, consumindo bilhões de dólares nos últimos anos e ainda sem um caminho claro de onde viria a receita para se tornar rentável.

Isso explica porque no dia 27 de janeiro de 2025 o pânico tomou conta de quem investiu nestas empresas, conhecidas como Magnificent7, que tiveram uma queda, no valor de mercado das suas ações, na casa dos trilhões de dólares.

Como funciona a DeepSeek?

Os especialistas têm comentado que a experiência do usuário é muito próxima à última versão do chat GPT, escrevendo códigos de programação, resolvendo cáculos matemáticos difíceis, extraindo informação e resumos de documentos em PDF, elabora textos, etc.

No entanto, ao contrário das plataformas americanas,  ela ainda não consegue extrair informações de imagens.

Um ponto que tem chamado a atenção é a autocensura da plataforma: quando questionada por perguntas consideradas controversas, do ponto de vista da ideologia do Partido Comunista Chinês, “o que foi o massacre da Praça Celestial”, por exemplo, o DeepSeek não desenvolve o tema e sugere uma mudança de assunto:

“Desculpe, isso está além do seu escopo. Vamos falar de outra coisa”. Resposta dada pelo chatbot quando questionado sobre o tema.

Acredita-se que haja nesta ferramenta o reflexo de uma forte regulamentação instituída pelo próprio governo chinês e dos seus valores políticos.

DeepSeek quem?

Esta empresa tem uma história bem atípica no mundo da tecnologia:

Ela surgiu a partir de um fundo de investimento chamado High Flyer dedicado ao chamado investimento quantitativo que utiliza modelos matemáticos estatísticos para analisar oportunidades de investimento.

E aí entrava a Inteligência Artificial. Inicialmente a IA foi treinada para escolher ações na bolsa de valores chinesa, analisando uma enormidade de dados, de balanços, preços dos papéis e avaliação de valor das empresas, selecionando aquelas que gerassem maior lucro.

Em 2021, o governo chinês colocou uma série de restrições às empresas que trabalhavam com insvestimento especulativo para que elas operassem. Era o caso da High Flyer que resolveu então focar no desenvolvimento da sua Inteligência Artificial, assim nasceu, em 2023, a DeepSeek.

Uma figura central por trás dessa história toda é seu fundador Liang Wenfeng um engenheiro de 40 anos de idade que tem sido tratado como herói nas redes sociais chinesas.

Com uma equipe de 140 pessoas, a maioria formada em universidades chinesas, desenvolveram este modelo de IA mesmo com todas as restrições dos EUA.

‘Sputnik’ da corrida pela IA

Há controvérsias e discussões sobre a inovação chinesa com seu modelo de IA generativa, mas o fato é que neste momento a China está em grande vantagem, fazendo as Big Techs americanas perderem o seu posto de vantagem na corrida das IAS.

O investidor americano Marc Andreessen comparou a chegada do DeepSeek ao dia em que a URSS superou os EUA na corrida espacial da Guerra Fria, com o lançamento do primeiro satélite en órbita da terra, em 1957.

“O DeepSeek-R1 é o momento Sputnik da IA” ele escreveu.

O atual presidente dos EUA, Donald Trump, disse que o aplicativo chinês é um sinal de alerta para as empresas americanas que precisam “competir para vencer”.

Até agora, acreditava-se, pelo menos em boa parte do ocidente, que a China estava muito atrás dos EUA na área de IA avançada.

Empresas chinesas como a Baidu a Tencent e a ByteDance lançaram modelos de IA mas não tinham sido considerados à altura do chat GPT.

A DeepSeek muda o jogo e embaralha a corrida entre China e EUA para ser a grande potência da tecnologia do século 21.

Nesse sentido, além do aspecto geopolítico, o acirramento dessa “corrida espacial do século 21” também acende um alerta para os riscos que ela pode apresentar na disseminação de informação, ataques cibernéticos e outras frentes.

Mas isso é assunto para outro Post!

 

 

 

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