Espanha cresce o PIB em 3,2% em 2024

Entenda como a Espanha alavancou 40% do crescimento da zona do euro em 2024, contrariando o atual declínio econômico europeu.

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Os anos em que o país esteve à beira do abismo financeiro ficaram para trás, ainda que os espanhóis continuem enfrentando alguns problemas estruturais.

Veja agora como a economia da Espanha tem deixado os seus vizinhos com inveja e o que os imigrantes têm a ver com isso.

Os pontos fortes da economia espanhola

A revista The Economist afirma que a Espanha teve a melhor performance de economia do ano de 2024, entre todos os países desenvolvidos do mundo.

Enquanto o PIB da Espanha cresceu mais de 3%, países como Reino Unido e França cresceram apenas cerca de 1%, e o da Alemanha chegou a encolher.

A Espanha é governada por uma coalisão de centro-esquerda e presidida pelo socialista Pedro Sánchez desde 2018.

De lá para cá, o salário mínimo aumentou 60% e o país atingiu níveis record de empregos gerados em 2024.

Um dos fatores que contribuíram para estes resultados foi a rápia retomada do fluxo de turismo no país após a pandemia do Covid 19, o setor é um dos pilares da economia espanhola.

A espanha recebeu 94 milhões de visitantes em 2024, perto do destino mais visitado do mundo no mesmo ano, a França, com 100 milhões de visitantes.

Além disso, aportes feitos pelo programa de estímulo pós pandemia, criado pela UE, também contribuiu bastante para o crescimento, recebendo cerca de 163 bi de euros até 2026.

A Espanha e a Itália são os países que receberam mais recursos, por terem sido as economias que mais sofreram com os efeitos da pandemia.

Porém, a chave está na forma em que esse dinheiro está sendo investido.

O que tem feito a Espanha?

Segundo o governo, o país está usando os recursos no sistema ferroviário, na indústria de carros elétricos e em subsídios para pequenas empresas.

A produção de energia verde do país também é vista como um fator que favorece o crescimento econômico.

A Espanha tem hoje a segunda maior infraestrutura de energia renovável da Europa, atrás apenas da Alemanha.

Ainda há outro ponto-chave: o país era o que dependia menos do gás russo em relação ao resto da Europa;

isso fez com que os espanhóis sofressem menos com os problemas de abastecimento, depois do início da guerra da Ucrânia.

O empurrão da Imigração

Em 2025, a Espanha ultrapassou pela 1ª vez os 49 milhões de habitantes; e mais de 9 milhões, nasceram no exterior; aproximadamente 18% do total.

Marrocos, Roménia, Colômbia e Venezuela são os principais países de onde esses imigrantes vieram.

O número de pessoas vindas da Colômbia e Venezuela cresceu muito nos últimos anos.

Já há mais de 600 mil colombianos e 500 mil venezuelanos no país.

Na região de Madrid, por exemplo, já há 1mi de residentes que nasceram na America Latina.

Ou seja, a cada 7 moradores, 1 é latino-americano.

Bom, já se sabe que a Espanha, assim como a maioria dos países da UE, é um país velho onde a expectativa de vida é alta e a taxa de natalidade muito baixa.

Sendo assim, a chegada de estrangeiros é imprescindível para que a economia se mantenha saudável, com seu sistema previdenciário garantido.

A BBC News Mundo divulgou uma matéria, na qual afirma-se que

“Uma estimativa recente do economista Raymond Torres, diretor da Coyuntura de Funcas, um centro de análise econômica em Madri, indicou que os imigrantes são responsáveis por metade do crescimento econômico da Espanha.”

Problemas estruturais na Espanha

Mesmo com o atual crescimento econômico e aquecida no mercado interno com a chegada dos imigrantes, a Espanha ainda luta com uma alta taxa de desemprego.

Ainda que ela esteja mais baixa que nos anos anteriores, ela é cronicamente alta e a maior da UE.

Os imigrantes, tão importantes para a economia, são os mais afetados.

Um levantamento feito em 2023, mostrou que a taxa de desemprego entre os imigrantes homens não-europeus, era de 15%;

ao passo que entre homens espanhóis era de 10%.

Entre as mulheres, existe uma diferença ainda maior: 22% para não-europeias e 12% para espanholas.

A combinação entre taxas maiores de desemprego e a concentração de vagas em áreas que pagam salários mais baixos, coloca os imigrantes em uma posição especialmente vulnerável.

Outro ponto que chama atenção é a dívida pública que é maior do que a produção econômica anual do país.

Além disso a Espanha tem uma grande depedência do turismo.

Um dos principais desafios do país é aumentar a produtividade e desenvolver setores com maior valor agregado.

A estabilidade política também é um desafio.

A Espanha tem um sistema parlamentarista e o governo atual é formado por uma minoria que depende de acordos com os outros partidos políticos para levar suas propostas adiante.

Mas apesar de todas essas dificuldades, a comissão europeia prevê que a Espanha vai continuar entre as grandes economias do bloco em 2025.